COMUNICAÇÃO | Missão nos Estados Unidos
COMUNICAÇÃO | Missão nos Estados Unidos
18 de setembro de 2019 Por pauloHá pouco mais de cinco anos, nós assumimos um programa de rádio nos Estados Unidos (na Rede ABr, que integra 6 emissoras que transmitem em língua portuguesa). “Nós” quer dizer eu, Pe. João Carlos, e a Associação Missionária Amanhecer-AMA. Uma irmã paulina brasileira, a Ir. Nati, fazia antes esse programa, nos dois anos em que esteve em Boston. Voltando para o Brasil, insistiu que nós ficássemos com ele. Ele se integra como um serviço ao Apostolado Brasileiro.
O Apostolado Brasileiro é uma organização das comunidades católicas de imigrantes brasileiros presentes em algumas dioceses. Em Boston, o apostolado está bem organizado com 16 comunidades, em várias cidades. Duas dioceses vizinhas participam também do apostolado com suas comunidades, subindo para 24 o número de comunidades envolvidas nesta articulação.
As comunidades são formadas por imigrantes e têm sua Missa semanal em uma igreja americana, junto a alguma paróquia. Há um pequeno grupo de padres brasileiros e outros que falam português que atendem essas comunidades. Cada comunidade conta com diversos grupos e pastorais. São imigrantes que têm chegado nesta região do país, desde a década de 80. O fluxo de imigração continua e tem muita gente chegando ainda.
O maior problema dos brasileiros, em sua grande maioria, é não terem documentos que legalizem a sua permanência na América. Não tendo documento de imigração, saindo do país, não poderão mais entrar. A falta do documento não impede que encontrem trabalho. A maioria, na região de Boston, trabalha em construção, limpeza e comércio. Há cidades, como Framinghan (onde está a sede da rede ABr), que têm um número muito alto de imigrantes brasileiros. Eles estão muito presentes no comércio da cidade, com pequenos negócios, padarias, açougues, lojas de serviço. Fui aos Estados Unidos (09 a 17 de setembro de 2019) a convite da coordenação do Apostola Brasileiro. O compromisso principal seria uma participação especial na festa das comunidades, que é a festa da padroeira Nossa Senhora Aparecida. Essa festa, que reúne todas as comunidades, aconteceu domingo passado, em Holliston, no parque do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. O parque, com muito verde neste final de verão, num dia ensolarado, recebeu o povo brasileiro bastante numeroso e alegre: umas mil pessoas. O domingo começou com o terço, pelas 10 da manhã, uma caminhada ao longo de um enorme terço formado com grandes pedras. Os jovens fizeram encenações em cada mistério do terço. Coube-me ir cantando, motivando e dirigindo o terço de cima de um carro de som.
O segundo momento da festa foi a Missa campal, que eu presidi. Com autorização da arquidiocese, foi celebrada a Missa da solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Outros cinco padres concelebraram a Eucaristia. O canto foi conduzido por um ministério de música muito bem ensaiado. Presente, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, vinda do Santuário Nacional no Brasil. No final da Missa, houve a consagração a Nossa Senhora. Seguiu-se um tempo precioso de convivência e confraternização, com tempo para um lanche vendido em uma das muitas barraquinhas montadas pelas comunidades. Ainda no parque, apresentei um pocket show, ao ar livre.
A festa das comunidades foi o compromisso principal desse giro missionário. Antes dele, participei com palestras e animação em outros momentos. O primeiro foi o encontro bíblico que dirigi com brasileiros, na livraria Paulinas, em Jamaica Plain. Participei também de um encontro com jovens e do encontro do Apostolado da Oração, em Worcester, com a presença do Pe. Eliomar, que é o diretor do Apostolado da Oração, no Brasil.
Há grandes diferenças entre as paróquias americanas e as comunidades brasileiras, hóspedes em suas igrejas, em processo de integração. Os católicos americanos são muito adultos e idosos e seus filhos e netos, em geral, não participam da Igreja. A Igreja, em parte pelos problemas recentes na justiça, cerca-se de muitos cuidados jurídicos, acentuando muito sua imagem institucional. Praticamente, nas paróquias americanas não há pastorais, só a celebração dos sacramentos. Os filhos dos imigrantes já nascem cidadãos americanos e frequentam as escolas públicas, com forte influência americana em sua formação. Há uma razoável participação de crianças e jovens no apostolado, uma das preocupações das lideranças no sentido de assegurar a transmissão da fé católica, nesse contexto. Os jovens falam fluentemente o inglês. Em casa, o português. Os pais conhecem o bastante para o trabalho e o comércio. Os evangélicos são muito ativos em numerosas igrejas e cultos em português. Só um grande trabalho de engajamento e formação, hoje, pode assegurar que a terceira geração de imigrantes continue católica.
Fui hóspede das Irmãs Paulinas em sua grande casa de Jamaica Plain, onde estão quatro comunidades delas e uma livraria com produtos em português, com um total de 75 religiosas. Mantive contato com padres do Apostolado, particularmente com a coordenação. Fui hóspede também em casas de família, para facilitar proximidade dos encontros. Encontrei muita gente que acompanha o nosso programa na Rede ABR e muitos mais que recebem diariamente a Meditação da Palavra. No conjunto, foi uma missão muito proveitosa e abençoada. Assim, o nosso programa fica mais integrado ao serviço de evangelização dos imigrantes brasileiros desenvolvido pelo Apostolado Brasileiro.
Não tive contato com os salesianos, que têm uma presença em East Boston. No apostolado, não consegui informações sobre eles. Não tive tempo de fazer-lhes uma visita. Em tudo, a Providência Divina nos colocando em contato com situações de grande urgência evangelizadora, para aprendermos um pouco mais nesse mundo globalizado e para fazermos muito mais, em nossa resposta salesiana.
Por Pe. João Carlos Ribeiro, sdb